Segue a segunda parte do texto apresentado para a aula de Jornalismo Cultural do professor Renato Modernell no curso de Jornalismo Contemporâneo da Universidade Mackenzie.
Ao chegar à frente do padre, teve o maior susto de sua vida. Ainda atordoada, fitou bem os olhos daquele rapaz que a esperava e perguntou:
– O que está acontecendo aqui, João? disse Mariana com a voz já embargada e a certeza que seu futuro cunhado estava no lugar do irmão gêmeo.
Com a boca seca, as pernas trêmulas e com dificuldades para articular as palavras, João apenas balbuciou: eu te amo!
Ainda sem entender o que estava acontecendo, Mariana começou a chorar. Até que uma das madrinhas a chamou e a levou para um canto reservado da igreja.
– Mariana, o Júlio não suportou a pressão de ter uma família, ele achava que não conseguiria te fazer feliz. Por isso desistiu. Eu estava a caminho do salão para te contar, quando o João teve essa ideia. Ele não queria te ver sofrer pela falta de coragem do irmão e como são tão parecidos…. No começo relutei, mas depois lembrei de todos os seus sonhos e planos e acabei aceitando participar dessa história.
Sem chão, Mariana ouvia cada palavra e lembrava dos momentos ao lado de Júlio e como João sempre demonstrou um carinho especial por ela. Como Júlio poderia ter sido tão covarde a ponto de deixá-la no altar? E ainda quanto amor sentia João a ponto de aceitar se passar por outro para que ela não sofresse?
Após muito chorar e pensar, Mariana tomou uma decisão. Pediu que chamassem João, olhou no fundo de seus olhos e disse:
– Nenhum relacionamento pode começar com uma mentira, então quero ouvir de você: por que fez isso?
Sem titubear, João disse: porque eu te amo.
E a marcha nupcial voltou a tocar na igreja.