Este texto foi escrito para a aula de Jornalismo Cultural, ministrada pelo professor Renato Modernell, no curso de pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo do Mackenzie. Por se tratar de um texto longo, será publicado em duas partes.
O profissional da comunicação do século XXI está cada vez mais dependente da tecnologia. O simples fato de faltar energia elétrica ou uma falha em algum sistema compromete o bom desenvolvimento do trabalho.
O jornalista atual não consegue realizar sua função sem que haja um computar conectado à internet. Isto é um fato que vem se agravando com o passar dos anos.
A evolução tecnológica quebrou paradigmas, derrubou barreiras, aproximou povos e tornou tudo mais rápido e ágil. A notícia é veiculada em tempo real, enquanto acontece. E esse novo panorama vem modificando o modo de viver de muitas pessoas.
Neste contexto vive Diego, o personagem de nossa história. Formada em jornalismo, Diego trabalha como redator da página de tecnologia de um grande portal de internet do país.
Vive e respira as tendências em gadgets e as novas apostas do mercado para o futuro. Sua primeira ação ao abrir os olhos pela manhã é pegar o smartphone e checar a caixa de e-mails, para ver se não aconteceu algo surpreendente durante a madrugada. Nestes três anos em que realiza este ritual, nunca aconteceu nada de extraordinário.
Viciado em internet, Diego liga o computador assim que termina de fazer sua higiene pessoal matutina – nem para tomar café da manhã ele desgruda do notebook – checa o e-mail novamente, abre as principais páginas sobre tecnologia e inicia o seu dia de trabalho.
Receoso, o internauta tem duas maneiras de ficar 24 horas conectado. Caso o sistema de banda larga de sua residência venha a falhar, ele pode contar com o modem 3G que já fica pré-instalado no computador.
A manhã daquela terça-feira parecia normal como todas as outras. Diego já havia feito tudo aquilo que estava acostumado e já estava em frente ao seu computador buscando informações para sua coluna.
De repente, a energia elétrica acabou. Como a bateria do notebook era de última geração, Diego nem se preocupou pois havia carga suficiente para um dia inteiro de trabalho. A questão da internet também estava resolvida. O modem 3G forneceria a tão necessária internet naquele dia.
Mas algo estranho estava acontecendo e mesmo precavido contra todos os infortúnios, Diego ficou sem conexão com a internet.
Naquele momento, a dependência tomou conta do corpo de Diego e tal qual um viciado ele começou a ter calafrios. Não entendia o que estava acontecendo, pois mesmo sem energia já havia trabalhado normalmente em outros dias.
Com muito custo, conseguiu sintonizar através do rádio de sua avó uma emissora AM que estava escondida do dial. Naquele momento, a única fonte de informação de Diego, o rádio transmitia notícias nada agradáveis.
Um atentado cibernético derrubara todas as comunicações no país. Emissoras de rádio e televisão, portais de internet, telefones estavam simplesmente fora do ar.
A própria emissora só conseguia chegar às poucas residências, pois seu transmissor de pequena potência estava fora do alcance dos responsáveis pelo ataque.
A esta altura desesperado e atônito com a situação, Diego tinha uma nova experiência em sua vida: como lidar com o mundo off line? Como sair de casa e ir em busca das informações?
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