Por Vanessa Vieira
Milhares de pessoas de países africanos e da Ásia Ocidental abandonam seu país natal em função de problemas econômicos, políticos e de segurança. Países da União Europeia lidam diariamente com imigrantes ilegais. O Brasil está vivendo essa conjuntura no caso dos bolivianos e mais recentemente, na chegada dos haitianos no país sede da Copa do Mundo de 2014.
Há mais de uma década o Haiti vem sofrendo problemas políticos, o que acarretou na intervenção das Nações Unidas e do Brasil em 2004 na tentativa de restaurar a ordem no país. Além das questões civis, problemas como fome e epidemias se agravaram com o terremoto de 2010, cujo epicentro foi a 22 km da capital Porto Príncipe. Esse cenário fez com que os haitianos procurassem recomeçar suas vidas em um novo lugar.
No último mês houve a chegada de cerca de 500 haitianos a São Paulo. Este fato isolado não diria muita coisa, mas expõe a ponta de um iceberg. Um iceberg diplomático de dimensões intra e internacionais.
As dimensões intranacionais do iceberg referem-se ao silêncio do Governo Federal sobre a questão e à discussão entre os Governos de São Paulo e do Acre com relação ao destino desses imigrantes refugiados. O primeiro afirma não ter sido comunicado que receberia estas pessoas e o Acre diz auxiliar os haitianos ao custear sua ida a diversas cidades além de não ter mais condições para lidar com os milhares de haitianos que habitam a cidade de Brasiléia à espera de um destino definitivo.
Quanto ao aspecto internacional, o Brasil já investiu mais de R$ 2 bilhões com a Missão da ONU para Estabilização do Haiti (Minustah) e com o episódio da chegada dos haitianos a São Paulo, demonstrou não ter uma política de ajuda humanitária definida. Com sua economia emergente, sendo carro chefe do Mercosul e sediando a Copa, o Brasil se tornou o “sonho americano” mais acessível aos desamparados da América Latina.
Em tempo de eleições e propagandas partidárias, pergunte ao seu candidato das esferas federal e estadual qual é o plano para tratamento de refugiados. Depois disso, pergunte qual é o plano para os desamparados pátrios. Esse é um tema amplo, que envolve diversas pastas e as respostas certamente contribuirão para sua escolha em outubro.
* Vanessa Vieira é pós-graduanda do curso de Jornalismo Contemporâneo da Universidade Presbiteriana Mackenzie.