Aquele 27 de janeiro parecia ser mais um dia normal de plantão. Jornalistas estão acostumados a esta palavra e principalmente à rotina de encarar um final de semana para levar informação ao público.
Cheguei cedo para adiantar o trabalho e tentar ter um dia tranquilo. Assim que abri a minha caixa de e-mails vi a primeira chamada do dia: incêndio em boate no Rio Grande do Sul deixa ao menos 20 mortos.
Percebi que aquele era um assunto a ser acompanhado, mas como não tinha mais informações, fui em busca de outras notícias.
Cinco minutos depois, um novo e-mail despontou na minha caixa de entrada. A partir daquele momento fiquei estarrecido e soube então que aquele domingo não seria mais o mesmo e que o país inteiro ficaria chocado com o que acontecera.
A mensagem dizia que o número de mortos já passava de 90 e ainda havia mais corpos a serem retirados do local. Neste instante liguei o rádio e todos os jornalistas da cabeça de rede tentavam novas informações sobre o que teria acontecido naquela casa noturna bem no coração do Rio Grande.
Minha programação mudou e passei a informar sobre o que estava acontecendo e as primeiras impressões do acontecido.
O que mais me estarrecia naquele momento era o fato de eu ter ido a uma balada no final de semana anterior junto com meus amigos. Eu, com então 25 anos, via centenas de jovens perderem a vida e pensava: poderia ter acontecido com qualquer um de nós.
Saí do plantão com o número de vítimas já em 182. nos dias seguintes o incêndio na boate Kiss havia deixado 242 mortos. Muito se falou sobre as causas, muito se acusou, mas hoje, um ano depois da tragédia pouco realmente foi feito.
Pelo país inteiro, vistorias foram realizadas em diversos locais públicos, na tentativa de se evitar algo parecido.
Hoje, ficam apenas as imagens em nossas mentes e a lembrança daquele domingo que mudou a vida de tantas pessoas.
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